O artesanato e um estilo de vida, uma maneira diferente de intervir no desenvolvimento da vida local. Integra num todo global, o aspecto cultural (rural e urbano), econômico e social (potenciando e mobilizando recursos humanos e materiais). Tudo isto aliado a uma produção criativa.
O BUNHO O QUE É? A SUA EXISTÊNCIA NO CONSELHO DE SANTARÉM
É espontânea em Portugal, é frequente nos pântanos e ribeiros sobretudo do centro e sul do país, sendo impossível o seu transplante e sementeira."
E utilizado nas salinas.(Aveiro), para tapar as medas de sal protegendo-as contra a chuva.
Depois de seco e preparado, tem a sua aplicação na industria artesanal: fabrico de esteiras, mobiliário e objecto decorativos.
SURGIMENTOS - MITOS OU REALIDADES
"O Sr. Matías Domingos é atualmente o único artesão que trabalha o bunho, no concelho de Santarém.
Hoje o Sr . Matias Domingos é o único desta família de bunheiros, a difundir os conhecimentos deste oficio.
Esta é a versão do Sr. Matias . Sabe-se no entanto que os Avieiros (pescadores do distrito de Aveiro), que se deslocavam ao Tejo para pescar, também já possuíam conhecimentos sobre o bunho. Terá sido, a arte do bunho no concelho de Santarém, uma arte do acaso? Terá tido esta arte influencias dos Avieiros?
A verdade é que neste concelho, só esta família manteve a funcionar até ao momento, a indústria do bunho.
ARTE DO ACASO OU NECESSIDADE
Como era toda a temática do bunho, também para esta pergunta não existem registos que nos permita responder. Pensa-se no entanto que o primeiro objecto surgiu por necessidade.
Devido ás suas qualidades de macieza e resistência, o bunho aparece desde á muito tempo, ligado á "feitura" de esteiras, utilizadas como colchão. Era o seu uso vulgar, sobretudo nas regiões agricolamente mais desenvolvidas. Acompanhando as deslocações dos trabalhadores, ou sendo fornecidas pelo proprietário da fazenda, as esteiras revelavam-se de uso pratico e económico.
Serviu também o bunho para cobrir ou formar cabanas e ainda para
Devido ás suas qualidades de macieza e resistência, o bunho aparece desde á muito tempo, ligado á "feitura" de esteiras, utilizadas como colchão. Era o seu uso vulgar, sobretudo nas regiões agricolamente mais desenvolvidas. Acompanhando as deslocações dos trabalhadores, ou sendo fornecidas pelo proprietário da fazenda, as esteiras revelavam-se de uso pratico e económico.
Serviu também o bunho para cobrir ou formar cabanas e ainda para
cobrir salinas.
O ARTESÃO
Diz-nos o Sr. Matias Domingos, que crianças guardando gado próximo de terrenos pantanosos, começaram por brincadeira, envolvendo "mãos-cheias" de bunho com astes do mesmo. Formaram assim feitas rodelas. Aos poucos foi-se descobrindo novas e aperfeiçoadas utilidades para esta descoberta popular. A rodela foi trabalhada e deu origem ao tanho, banco simples e confortável.
É com base no tanho que se constrói a maioria das peças de mobiliário de bunho conhecidas até hoje. Pelo mesmo processo, envolvendo astes de bunho em torno de "mãos-cheias" do mesmo e rematando com o nó de bunheiro conseguem-se outras formas, sempre possíveis de se modificarem.Ao artesão cabe assim aproveitar a perfeita moldagem e a ampla resistência que o bunho oferece, criando assim peças que para além do seu lado utilitário, nos oferecem ainda, o artesanato mais puro e mais rico.
É com base no tanho que se constrói a maioria das peças de mobiliário de bunho conhecidas até hoje. Pelo mesmo processo, envolvendo astes de bunho em torno de "mãos-cheias" do mesmo e rematando com o nó de bunheiro conseguem-se outras formas, sempre possíveis de se modificarem.Ao artesão cabe assim aproveitar a perfeita moldagem e a ampla resistência que o bunho oferece, criando assim peças que para além do seu lado utilitário, nos oferecem ainda, o artesanato mais puro e mais rico.
A APANHA
É geralmente no mês de Junho que o bunho é ceifado com foices ou gadanhas, por homens e mulheres sempre com água abaixo do nível do joelho.
Puxa-se depois pelas pontas para o separar de outras plantas que crescem junto deste. Espalha-se em forma de leque para possibilitar a sua secagem. Passados alguns dias volta-se para secar do lado contrário. E escolhido e atado em molhos. Encontra-se pronto para ser utilizado pelos artesãos.
Puxa-se depois pelas pontas para o separar de outras plantas que crescem junto deste. Espalha-se em forma de leque para possibilitar a sua secagem. Passados alguns dias volta-se para secar do lado contrário. E escolhido e atado em molhos. Encontra-se pronto para ser utilizado pelos artesãos.
- o bunho encontra-se pronto para ser trabalhado;
O LOCAL DE TRABALHO
O bunheiro encontra-se quase sempre sentado num banco baixo, segurando o objecto em que trabalha entre as pernas, que se encontram abertas e esticadas para a frente.
Ao lado direito coloca as pontas de bunho com que vai trabalhando. Ao esquerdo o "enchume" com que vai formando as "mãos-cheias".
Do lado direito pode também ver-se um recepiente corn água que serve para manter quer as pontas quer o enchume, borrifados. Serve ainda a água para manter as mãos molhadas, o que vai facilitar o trabalho do alisar do bunho.
Ao lado direito coloca as pontas de bunho com que vai trabalhando. Ao esquerdo o "enchume" com que vai formando as "mãos-cheias".
Do lado direito pode também ver-se um recepiente corn água que serve para manter quer as pontas quer o enchume, borrifados. Serve ainda a água para manter as mãos molhadas, o que vai facilitar o trabalho do alisar do bunho.
OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO
- O TEAR
O tear e constituído por duas varolas verticais e uma horizontal. Na varola horizontal fazem-se umas marcas de 25 em 25 cm. Em cada marca coloca-se uma pedra enrolada com uma corda que vai permitir tecer a esteira.
- A NAVALHA
A navalha permite desbastar o bunho em excesso nas mãos-cheias. Permite ainda cortar o bunho que se encontra imperfeito no f.inal de um qualquer trabalho.
- A PAZEILHA - A pazeilha é uma cunha de madeira que, permite colocar as palhas em excesso, no final de um qualquer trabalho e que se encontram entre as mãos-cheias, para o interior. Permite assim aperfeiçoar o resultado final.
A AGULHA - A agulha é feita de aço com cabo de madeira. Na sua extremidade um buraco permite passar o bunho